quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Valerá a pena se a alma não for pequena


Carlos Queiroz vai cumprir o 41.º jogo como seleccionador português. E tal como há 16 anos, quando foi seleccionador pela primeira vez, decide tudo no último jogo. Então, foi no grupo de qualificação; agora, é num play-off; o clima é o mesmo, só o teórico poder do adversário é bem diferente, porque a Bósnia não é evidentemente a Itália. Há 16 anos, Queiroz e a equipa falharam.

Hoje, não se admite que falhem. Mas cuidado: precisam, Queiroz e a Selecção, de ter um coração do tamanho do País. No mínimo.

MÉRITO
OK: Portugal construiu com mérito esta derradeira oportunidade de chegar ao Campeonato do Mundo de 2010, na África do Sul, onde residem, calcula-se, entre 300 a 500 mil emigrantes portugueses. Mas não teve a arte e o mérito de fazer melhor do que obter uma magríssima vitória por 1-0 sobre a Bósnia, o que o coloca na desconfortável situação de provavelmente precisar de sofrer muito, em Zenica.

PRESTÍGIO
Isto é: Portugal é, ao mesmo tempo, o favorito mas também o que mais tem a perder neste play-off. A Bósnia-Herzegovina é um país novo (tem 17 anos, três e meio dos quais vividos em guerra) e a sua selecção de futebol compete apenas desde a qualificação para o Mundial de 1998, sem nunca ter atingido qualquer fase final das competições da FIFA ou UEFA.
Neste tudo ou nada, Portugal joga, pois, o seu favoritismo mas também o prestígio e a qualidade dos seus jogadores. A equipa portuguesa marcou presença nas últimas cinco fases finais das grandes competições, Europeus e Mundiais (2000, 2002, 2004, 2006 e 2008), e conseguiu uma final (Euro-04) e duas meias-finais (Euro-2000 e Mundial-2006). Isto faz de Portugal o Golias; aquilo faz da Bósnia o David. Como se sabe, não é muito comum Portugal vestir bem esse papel.

ACREDITAR
É, por fim, preciso confiar na equipa. No treinador e nos jogadores. Na alma de gente que também sabe o que foi ser pequena nestas coisas da alta competição do futebol e, por ter lutado e aprendido, ganhou o direito a ser grande. É preciso acreditar que Portugal passou a estar mais confortável no papel de Golias, sem esquecer que sobretudo os grandes que um dia foram pequenos devem saber o exacto valor do sacrifício, e que, sobretudo, devem saber que sem ele não há sucesso.

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